terça-feira, maio 30, 2006

Copa my ass

Futebol e Copa não têm nada a ver com patriotismo. Se tivesse, então os nossos queridos presidiários semi-terroristas não estariam tão preocupados em ganhar TVs pra assistir aos jogos, e sim em ser bons cidadãos e NÃO cometer crimes. Tempo de Copa, como tempo de Natal, é tempo de anulação da desgraça diária, de anestésicos midiáticos, de jurar que é bonzinho, ama o papai, a mamãe e principalmente o país. Tsc. Tsc. Tsc.

Carta Marcada

Esse é do tempo em que eu gostava de rimar.

Sou bobo da tua corte, aristocrata;
Se queres gargalhar, ri do meu chiste;
Se não, deixa-me aqui – e já me mata:
Noutro reino minha vida não existe.

Do cão, sou a dentada traiçoeira,
Do gato, o amigo que não se esperou.
Das amantes marcadas, a primeira,
E dentre todas, a que mais te amou.

No baralho, coringa e não rainha
E no canteiro, espinho em vez de flor.
Dos teus sonhos secretos sou vizinha
E dos teus pesadelos, inventor.

11.2004

Tem mais poesia estapafúrdia no 7Erros!

terça-feira, maio 23, 2006

Meu erro dentre 7

São Paulo, dia 23 de maio, 10:11 da manhã. Chove.
Meu nome é Camila Fernandes.
Hoje faço minha estréia no blog 7Erros. Recomendação da Maria Helena Bandeira. Convite do Marcelo Ferrari.
Então, passe por lá e confiram meu primeiro erro. Antigo, do tipo do qual a gente não se arrepende. Tem desenho novo também.
E se for um erro que você já cometeu, não esquente; leia os textos dos outros autores, que tem muita gente boa por lá.

sexta-feira, maio 19, 2006

O sonho.

Outro dia mesmo eu sonhei com o capeta, certo? Saiu aqui, no post anterior.

E o texto "O inexplicável sono", da Maria Helena Bandeira, no 7Erros, me fez pensar nisso de novo.

O sono. O sonho. O despertar. Os elos.

Às vezes, tenho a impressão de que passei o dia dormindo.

E às vezes tenho vontade de, de fato, fazer isso.

Não por medo do dia, mas por saudades da noite.

O sono é curto, o sonho é longo, e nunca chegamos à conclusão.

Mas, quando voltamos a abrir o livro noturno, a história já mudou, e não tem fim.

sexta-feira, maio 05, 2006

Hoje eu sonhei com o capeta.

Hoje eu sonhei com o dito cujo.
Desculpem, mas é verdade! Antes ele ficava só na metáfora do ombro, cochichando bobagens que eu gostava de escrever. Musa disfarçada. Pura invencionice. Eu no controle sempre.
Mas noite passada, madrugada, manhã dormida, hoje, eu sei lá direito quando, o homem me veio.
Homem? Sim: no sonho ele era homem. Não que importasse. Ele não veio por mim (graças a jesuiscristinho).
Veio feito o Jurupari, na noite, no sonho, sem convite, só pra contar um segredinho.
A coisa me impressionou, meu povo.
Ele estava bem ali, falando comigo, dando risada. Ele era Ele. Não Ele. O Outro. Sabem?
Passei o dia tentando falar com meu namorado, pra contar a ele, confessar, sei lá, o sonho, como se fosse pecado eu sonhar. Quem manda não sou eu. No sonho, quero dizer. Eu não mando no que sonho. Ou mando?
Dizem que o sonho é o"desfragmentador de disco" do cérebro. Ele quer ajudar, organizar o conteúdo, limpar o HD dos pensamentos inúteis que o lotaram durante o dia; mas, no geral, só atrabalha. Faz a gente ver coisas que a gente não quer ver. Ou quer?
Não achei o namorado. Será destino não conseguir falar com ele? E obrigar vocês a receber a confissão em seu lugar?
Mas eu dizia: o demo veio.
Sem chifre nem pé de bode, nem qualquer outra dessas coisas que o Cristianismo roubou de um deus pagão. Era homem. Uns 40 anos. Um bocado feio. Mas o medo que dava quando ele sorria não era o medo que a gente tem das coisas feias, não. Era aquele medo que a gente tem das coisas bonitas. As que quando pedem qualquer coisa você não sabe dizer não. Jesuiscristinho.
Mas o homem não me pediu nada. Só veio me contar um segredo.
No sonho eu tinha uma prima - e é bem verdade que na vida tenho uma meia dúzia delas. Mas essa do sonho era menina nova, um bebê com olhos de gente grande. Velha por dentro. Sábia, eu acho. Ela era, assim...
Ela era a Ungida. O Cristo de sainhas.
Repito, era um sonho, não me culpem por ser tão profano. Eu bem que gostaria de ver o Filho num corpo de mulher, mas a Igreja nunca ia deixar, né?
Minha prima era o Cristo. E o cão veio buscá-la.
Desde pequena ela tinha um poder que partilhava com ele: os dois eram capazes de mudar de forma. E o cão, aquele cão chupando manga, se travestia num menininho lindo, desses de propaganda de sabonete bactericida, cabelos claros, olhos espertos... e tentava levar a minha prima lá pra fora. Pra brincar, dizia. Só brincar.
Ela virou um gato branco e fugiu. Garota esperta.
Deus do céu, ele pediu, pediu muito, vamos lá, vem comigo brincar. O Príncipe do Ar ia raptar a Ungida. Mas era pra ela que ele pedia, e ela resistia, porque ela era a Ungida e essa era a sua prerrogativa.
Porque, se ele tivesse pedido pra mim...
Deus me perdoe, mas eu ia.
Namorado confessor, cadê você?!
A última coisa que lembro do sonho é correr pela escada da minha casa. Pelada.


 

StatCounter