Acabrunhada
poema caduco
Levo comigo um miúdo pedaço,
Que resta de um íntimo sonho;
Velha me vêem, se jovem me ponho;
Jovem me querem, se velha me faço.
Vejo-me: o espelho de um estilhaço
De vidro lançado no palco enfadonho,
E fico secreta neste olhar tão baço,
Que fita dolente, e crêem-no risonho...
Minha emoção é tão somente um vulto
Que corre alarmado, ora aqui, ora ali;
Um léxico falho que sempre consulto
Buscando salvar-me de tudo o que vi:
Distante da estupidez deste culto,
E, acabrunhado, devorando a si,
Mudo desejo, usualmente oculto
Num canto de mim e à beira de ti...
20.04.1998 (OK. Eu disse que era velho. Notem isso pelo formato...)
Levo comigo um miúdo pedaço,
Que resta de um íntimo sonho;
Velha me vêem, se jovem me ponho;
Jovem me querem, se velha me faço.
Vejo-me: o espelho de um estilhaço
De vidro lançado no palco enfadonho,
E fico secreta neste olhar tão baço,
Que fita dolente, e crêem-no risonho...
Minha emoção é tão somente um vulto
Que corre alarmado, ora aqui, ora ali;
Um léxico falho que sempre consulto
Buscando salvar-me de tudo o que vi:
Distante da estupidez deste culto,
E, acabrunhado, devorando a si,
Mudo desejo, usualmente oculto
Num canto de mim e à beira de ti...
20.04.1998 (OK. Eu disse que era velho. Notem isso pelo formato...)