segunda-feira, março 13, 2006

Teoria da dependência

viajei, mas saiu assim mesmo

Eu tenho uma teoria.
A gente se apaixona por alguém por um motivo ou outro, que não vem ao caso.
Aí, conhece melhor a pessoa e geralmente passa a amá-la.
Então, com a convivência, passa a depender dela.
Isso confirma o chavão de que procuramos a “cara-metade”, o “chinelo velho do pé cansado”, a “tampa da panela”, ou seja, a idéia popular de que viemos ao mundo pela metade e passaremos a vida procurando pela outra metade, com a qual – e só com a qual – nos tornaremos inteiros.
Passamos a enxergar a pessoa ao nosso lado como uma parte indispensável da vida, algo que nos valida perante a sociedade, perante o próprio cosmos, como uma garantia de que a vida significa alguma coisa, afinal.
Mas, no meio dessa delicada dependência, o amor, às vezes, acaba. Ou nem chega a existir após o período inicial de fogo e deslumbramento da paixão.
E então ficamos confusos... querendo partir e não podendo.
Olhando para o outro como o nosso atestado de normalidade, a parte de nós que faz com que nos sintamos humanos, dignos, completos, ideais.
Procuramos no outro aquilo que parece faltar a nós, seja inteligência, alegria, sorte ou dinheiro. Acoplamo-nos ao outro numa simbiose emocional.
Só nos livrando voluntariamente da dependência, escapando da sedutora segurança do compromisso – enfim, deixando de apenas encarar o abismo e atirando-nos nele – é que podemos ser realmente livres.
Completos.


 

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