segunda-feira, junho 12, 2006

Pastos Verdes

E rubros.

Onde estão os pastos verdes
Que a mim foram prometidos?
“Na colina”, aos meus ouvidos
Ela disse. “E paciência.
Na hora em que os conhecerdes,
Sabereis, sem experiência,
Se estais neles, ou se não.”
Sorriu. E chamou-me irmão.
(Deus foi testemunha disso)
O meu rosto, já sem viço
(Não posso enganar a Deus),
Tomou. Seus olhos nos meus
Fixou, e pecamos juntos.
(São de outro estes assuntos;
Não de Deus. Do excomungado.)
A ambos tenho encontrado...
E ambos sabem que a não amo.
Mas de companheira eu chamo
Esta, que me trouxe o nunca:
Nunca o medo ou a esperança,
Nunca crer nem duvidar;
Sob a lua, adaga adunca,
aber que devo esperar.
Sei que ela há de estar comigo.
Quando eu me erguer, finalmente;
Sim, em meu momento extremo.
Mas, esperar, Deus! Consigo
Esperar pelo que é urgente?
Nem os assomos do vento
Ou da chuva são o que temo.
Temo aquilo por que anseio,
A minha hora de partir.
Eu os quero, os pastos verdes!
“Não, só quando os merecerdes.”
Minha irmã, sempre a sorrir...
Naquela última colina
Minha angústia, minha sina,
Ouço ao longe, já a balir,
No verde, os brancos cordeiros,
Divinos, puros, ligeiros.
cendam-se os candeeiros,
Pois a borrasca é presente.
Eu tangerei os cordeiros.
Sob esta lua amarela,
O seu sangue, o inocente
Sangue, ele me há de ilibar.
E estarei limpo ao chegar,
Quando estiver junto a ela.

24.05.2000

Para Solomon.


 

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